O Arado

  
O arado é um instrumento muito simples, mas certamente merece um lugar de destaque neste livro. Ele se destaca pela velocidade e eficiência em abrir sulcos na terra de modo que a semente possa ser lançada e a lavoura cultivada. Se o arado fosse desconhecido nos dias de hoje, alimentar os bilhões de habitantes do mundo seria urna tarefa muito mais difícil. Na verdade, em alguns países seria uma tarefa impossível.
   O início da sua utilização foi bastante tímido, provavelmente apenas um homem arrastando uma vara pelo chão de modo a abrir um sulco ou ranhura no solo para a semente. Foi então que a "relha" ou "arado de ranhura" foi inventada, aparecendo primeiro — conforme escavações arqueológicas indicam — ao sul da Mesopotâmia e remontando ao ano 4500 a.C. Era apenas um instrumento feito de uma única vara com uma extremidade pontiaguda chamada "relha" que podia ser arrastada pelo solo e produzia um sulco. Os primeiros aparelhos eram, a princípio, arrastados por homens, mas, posteriormente, um ou dois bois — que, descobriu-se, eram capazes de trabalhar o dia inteiro sem se cansar — passaram a ser utilizados. Os arados de madeira podiam trabalhar em solo arenoso, como o encontrado na Mesopotâmia e no Egito, com um clima ameno e seco, mas deixavam de ser eficientes em países onde o solo era pesado e úmido. Por isso, o uso de animais como bois e vacas tornou-se essencial.O grande desenvolvimento do arado ocorreu na China, um país distante dos outros e de grande inventividade. Os chineses também eram bastante discretos em relação ao seu mundo e às suas invenções; portanto, o mundo ocidental não tinha conhecimento de coisas que os chineses já sabiam por volta de 3000 a.C, tais como o fato de que rochas pontiagudas podiam ser utilizadas como "relhas de arado" e eram mais eficientes que as de madeira. Já que as rochas ciam mais pesadas que a madeira, os chineses também haviam descoberto que o arado podia abrir sulcos mais profundos mesmo num solo mais duro.Um outro problema era que, à medida que o arado abria o sulco na terra, esta poderia cair novamente no sulco, exigindo que o fazendeiro posteriormente a removesse. Para solucionarem esse problema, os chineses desenvolveram a aiveca, que consistia numa placa de metal curvada que retirava a terra arada do sulco. Outras inovações foram implementadas para fazer com que o
arado pudesse ser ajustado a diferentes profundidades de sulco, uma bênção para quem necessitava arar diferentes tipos de solo. Diversos países, principalmente europeus, tomaram conhecimento do aprimoramento que os chineses fizeram no arado somente no século XVII, quando a China abriu seus portos ao comércio.
   Comerciantes holandeses levaram as informações a respeito do arado para a Europa. A prova disso é que o arado padrão usado no Norte da Europa no século XVIII era chamado de "Rotherham", o nome do local onde era produzido, em Yorkshire, na Inglaterra, e sua origem era a Holanda. O arado todo em ferro foi introduzido na Europa no fim do século XVIII. Os desenvolvimentos que se seguiram incluíam arados com partes substituíveis e que podiam ser equipados com lâminas mais adequadas a determinados tipos de Solo.
    Até cerca de 1850, a terra era lavrada com o auxílio de bois e cavalos. Mas os arados movidos a vapor entraram em cena. Naquela época, eles eram tão caros que a maioria pertencia a empreiteiros
itinerantes. As vantagens eram enormes. Enquanto os animais podiam puxar um arado com várias relhas num solo macio, a versão movida a vapor podia fazer o mesmo num solo duro e arar quase cinco hectares em um único dia. Por volta do fim do século XIX, os arados individuais móveis, movidos a vapor, haviam evoluído e tudo o que os agricultorestinham que fazer era operar a máquina que levava um arado atrás de si. O século X X assistiu à introdução do motor de combustão interna, e os arados mecânicos foram equipados com ele em substituição ao obsoleto motor a vapor.

Um comentário: